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CICLO DO OURO E O SURGIMENTO DE CATALÃO ...
(Por
Luís Estevam)
A
história econômica brasileira é mais facilmente compreendida através de algumas
etapas: o ciclo do pau-brasil, o ciclo do açúcar, o ciclo do ouro e o ciclo do
café. Os três primeiros ocorreram durante a época colonial. O último se deu no
regime do império e durante a primeira república. Somente a partir de 1930
começou o processo de industrialização nacional, um outro ciclo que perdura até
hoje.
O
chamado ciclo do pau-brasil foi passageiro e, a rigor, nem merece grandes
referências. A não ser pela origem no nome do país. Foi uma danosa atividade
extrativa, utilizando mão de obra indígena, restrita ao litoral da mata
atlântica. Navios estrangeiros recolhiam a madeira na região e levavam para
tintura de tecidos na Europa.
O
ciclo do açúcar, ao contrário, foi bastante significativo e responsável pela
formação social do nordeste brasileiro. O povoamento do árido sertão e do
litoral se deu em função dos engenhos de cana, espalhados desde Pernambuco até
o recôncavo baiano. Foi a época das casas-grandes e das senzalas voltadas para
produção do açúcar. Um produto que era transportado bruto para Lisboa, refinado
em Amsterdã e comercializado no mundo europeu pelos holandeses. Era o tempo das
capitanias hereditárias que repartiam, em linhas horizontais, o território da
colônia.
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Alheios
a todo esse processo, os moradores da capitania de São Paulo se dedicaram a
desbravar o sertão, onde descobriram ouro nos córregos da região de Vila Rica,
Sabará, Congonhas, Mariana e São João del Rei. Batizaram o território de Minas
Gerais tal a quantidade de minas de ouro em exploração. Desse modo, no século
XVIII, teve início o chamado ciclo do ouro.
Logo,
atraídos pelas descobertas, centenas de portugueses chegaram à colônia,
cobiçando a posse das minas gerais. Estourou luta armada entre lusitanos e
paulistas que durou quase uma década. Os portugueses foram pejorativamente
apelidados de emboabas, urubus em busca de carniça.
Mas,
os emboabas venceram a guerra se apossando das minas auríferas e expulsando os
nativos descobridores.
Naquela
época, para ingressar no sertão, existiam tipos diferentes de comitiva. Havia
as Entradas e as Bandeiras. As primeiras eram incursões financiadas por
empreendimentos particulares que arriscavam seu patrimônio na empreitada. Caso
descobrissem riquezas tinham direito à sua exploração, pagando apenas os
impostos à coroa portuguesa. Bandeiras, por sua vez, eram expedições oficiais,
organizadas e financiadas pelo governo lusitano, cujas descobertas pertenciam
inteiramente à administração da colônia.
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No
território goiano ficara famosa uma Entrada de Bartolomeu Bueno da Silva, em
meados do século XVII. Na longa viagem, o aventureiro paulista ganhara o
apelido de Anhanguera, feiticeiro na língua indígena, por ter ateado fogo em
cachaça, ameaçando queimar os rios se os índios não lhe prestassem obediência.
O
velho Anhanguera não procurava ouro e sim gentios para escravizar e
comercializar no mercado paulista. Naquela jornada trouxera consigo seu filho,
de 12 anos de idade, que herdou a sina aventureira do pai, o nome e também o
seu apelido.
Com
a morte do velho, Bartolomeu Bueno Filho, o novo Anhanguera, participou da
descoberta aurífera nas Minas Gerais e da luta em defesa das jazidas. Com a
derrota para os emboabas, solicitou ao rei de Portugal licença e recursos para
organização de uma Bandeira. A intenção era procurar ouro nas terras em que
esteve com seu pai, quando menino, bem no coração do território da colônia,
reduto dos índios goyases e caiapós.
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Com
a concordância das autoridades, em 03 de julho de 1722, uma comitiva de quase
duzentos homens deixou a cidade de São Paulo rumo ao sertão goiano. O histórico
trajeto hoje é relembrado com a rodovia Anhanguera, de São Paulo ao Triângulo
Mineiro.
Entre
os integrantes, chefiados por Bartolomeu Bueno Filho, havia padres,
bandeirantes paulistas, funcionários da coroa, imigrantes estrangeiros,
escravos negros, índios domesticados e, até mesmo, intrusos emboabas. Menos mulheres, que sempre foram proibidas de
participar das comitivas ao sertão.
Em
fins de julho de 1722, a Bandeira atravessou o rio Paranaíba na altura do Porto
Velho e ergueram uma cruz, na certa, para marcar o caminho trilhado e apontar o
local de travessia no rio.
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Poucas
léguas depois, a parada seguinte se deu no vale do Pirapitinga, onde alguns
integrantes se deixaram ficar, na tarefa de plantar roças e providenciar
mantimentos para o retorno da expedição. Entre eles estavam alguns imigrantes
europeus, escravos e o clérigo português frei Antônio da Conceição. Sabe-se
que, um dos integrantes acabou se tornando líder daqueles desgarrados.
Tratava-se de um aventureiro da Catalunha, conhecido apenas pela sua origem: o
catalão.
Duas
décadas depois, surge em documentos oficiais o nome do Sítio do Catalão como
local de pouso e pequeno comércio. Ali, em 1736, mataram o comandante de um
destacamento militar paulista. O assassino foi o filho de um velho bandeirante,
Domingos Rodrigues do Prado, e o motivo foi a questão de suprimento
insuficiente para os soldados. A partir dali o pequeno arraial do Catalão
entrou para a história.
Em
2022 completam 300 anos que a Bandeira do Anhanguera Filho deixou aquele
punhado de gente no vale do Pirapitinga, fundando o Sítio do Catalão. Episódio marcante e que nunca será esquecido.
(Luís
Estevam)
Fonte: Luís Estevam
Esta matéria é em oferecimento de:
Jean Machado
Engenheiro de Produção. Experiente na indústria Automobilística no setor de BodyShop. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal.
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