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★ NOSSAS HISTÓRIAS, NOSSA CATALÃO - No local não havia nada, era um cerradão de pura marmelada. Mas, ficava próximo das pequenas comunidades espalhadas pela beirada do rio.

Fotos: (Reprodução)  /Luís Estevam /Academia Catalana de Letras  
 



DA FAMÍLIA DAVID, NASCEU DAVINÓPOLIS...

 

(Por Luís Estevam)

 

O prefeito de Catalão,  João Netto de Campos, no início do seu primeiro mandato em 1948, visitou toda a zona rural do município. No extremo sudeste, à beira do rio Paranaíba,  teve uma surpresa. Encontrou muita gente morando na região do 

  • Boqueirão de Cima, 
  • Jacuba, 
  • Porto dos Pereira 
  • e Boqueirão de Baixo. 

Era uma meninada que crescia, sem instrução, bem longe das escolas municipais. Conversando a respeito com um fazendeiro local, conhecido por Zequinha, o prefeito acenou com a possibilidade de construção de um grupo escolar naquela região. José David de Souza, o Zequinha, de imediato reservou um hectare de terra, em sua propriedade, para a prefeitura edificar o estabelecimento escolar.


No local não havia nada, era um cerradão de pura marmelada. Mas, ficava próximo das pequenas comunidades espalhadas pela beirada do rio.


Foto: (Reprodução) /Antigo Grupo Escolar na Fazenda da Barra 


Em 1950 as aulas começaram, a princípio em um rancho de folhas, até o grupo ser construído. Um ano depois, foi inaugurada a Escola Isolada Municipal da Barra e o lugar ficou conhecido como Grupo. Tornou-se uma novidade no isolamento da região. Os alunos vinham a pé, a cavalo ou em carros de boi.

 

Logo, vários ranchos de moradia e de comércio foram levantados ao redor da escola. Havia, até mesmo, duas vendas pioneiras: 

  • uma do João Francisco 
  • e a outra do Ramiro Pereira. 

Mas, tudo funcionava em sedes improvisadas no terreno doado à prefeitura. Por sinal, a primeira casa de alvenaria, erguida no local, era a do fazendeiro Joãozinho Fonseca, construída no início da década de 1950.

 

Com o tempo, o Grupo ganhou feição de arraial, passando a ser conhecido como povoado da Barra, por estar inserido nos limites da fazenda da Barra. Desse modo, o arraial nasceu com a doação do terreno, feita pelo casal José David de Souza e Dorcília Cândida de Jesus, reconhecidos como fundadores.


Foto: (Reprodução) /Igrejinha católica no povoado da Barra 

O vilarejo ganhou uma capela, de alvenaria, dedicada a Nossa Senhora Aparecida. Aliás, o arraial teve duas padroeiras:  a família David, com sua devoção a N. S. Aparecida e a família Gomes, devota de N. S. do Rosário, ambas vizinhas ao templo religioso.

 

O isolamento e a grande distância da cidade de Catalão, fez com que o povoado da Barra ficasse conhecido como terra de gente brava, de estopim curto, e que brigava até mesmo entre si.


Foto: (Reprodução)  /Construção da ponte sobre o rio São Marcos   

Mas, em 1953, o isolamento foi amenizado com a construção da ponte sobre o rio São Marcos, obra empreendida pelo prefeito Cyro Netto e o construtor José Marcelino. Até então, existiam apenas balsas para travessia do rio.

 

De fato, a ponte foi uma obra de arte bem criativa em função das dificuldades de execução. Na época, não havia empresas construtoras por aqui. O próprio prefeito e o construtor criaram um projeto, inventando pilastras e vigas com trilhos de ferro na vertical, para sustentação do peso. A ponte, que foi originalmente feita para pequenos caminhões e nunca foi retocada, sustentou recentemente a passagem de pesadas turbinas, em caminhões duplos, sem mostrar uma rachadura sequer.


Foto: (Reprodução)  /O cantor e compositor Amado Batista  

No povoado da Barra, em 1951, nasceu o cantor Amado Batista. De família pobre, era um dos 12 filhos de um casal de trabalhadores rurais. Aos 14 anos, Amado Batista perdeu o pai e teve que trabalhar duro pela família. Em Goiânia, para onde se mudara com a mãe, Amado trabalhou como catador de lixo reciclável, faxineiro em lojas comerciais, vendedor de livros, até abrir uma lojinha de discos na rodoviária da capital. No mercado fonográfico conheceu vários artistas e gravou canções de sua autoria, obtendo sucesso nacional. Amado Batista sempre revelou orgulho de ser filho do município de Catalão.

 

Mas, ao longo do século passado, o município de Catalão foi, pouco a pouco, sendo reduzido. Goiandira ganhou vida própria em 1931 e, em 1953, Ouvidor e Três Ranchos se emanciparam. Uma década depois, foi a vez de Davinópolis.


Foto: (Reprodução)  /Reconhecimento do município de Davinópolis pelo governo estadual.  

O processo começou com o vereador Lázaro Pinto Marra que, em 1963, propôs a emancipação do povoado da Barra, com o nome de Davinópolis em homenagem ao saudoso José David de Souza, doador do terreno para a escola. O vereador obteve a aprovação dos colegas e recebeu apoio da influente família do Lulu, Luiz Gomes Caldas, fazendeiro e líder político da Barra.

 

O primeiro prefeito foi o filho de Dona Dorcília, Jerônimo David, que comandou a política local por mais de uma década. Tempos depois, a oposição elegeu o prefeito Osmar Rodovalho, também de família tradicional da região.


Foto: (Reprodução)  /Alaor Rodovalho e seu pai Waltercides  

Um descendente de destaque, da família Rodovalho, é o comunicador Alaor Rodovalho que ficou conhecido no telejornalismo da TV Anhanguera. Filho de Sebastiana David Rodovalho e Waltercides Rodovalho, faz parte do núcleo fundador da cidade. Alaor trabalhou por quase 25 anos na emissora afiliada da Globo, sendo estimado em todo o sudeste goiano.

 

No final do século passado, Davinópolis ganhava feições de cidade, de fato e de direito. Por intermédio do deputado Ênio Pascoal recebeu energia, água tratada, telefone e uma agencia do Bradesco. Com recursos obtidos por Haley Margon, a zona urbana do município foi pavimentada.


Foto: (Reprodução)  /Usina hidrelétrica Serra do Facão  


Em 2007, a cidade recebeu centenas de trabalhadores da hidrelétrica Serra do Facão, modificando sua antiga tranquilidade. A usina entrou em funcionamento em 2010, com geração elétrica para mais de um milhão de consumidores. No entanto, a cota de participação de Davinópolis, na compensação financeira de Furnas, continua bastante modesta. Por cima, vários barrageiros ficaram morando na cidade que superou em muito os dois mil habitantes do censo.


Foto: (Reprodução)  /Vista atual de Davinópolis  
 

Porém, o mais importante é que, as famílias pioneiras continuam residindo em Davinópolis e conservam grande apreço e paixão pela antiga terra dos David. 

(Luís Estevam)

 

Fonte: Luís Estevam e Academia Catalana de Letras

 

Esta matéria é em oferecimento de:

 


 

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