Lucélia Rodrigues da Silva foi encontrada pela polícia em 2008, ao 12 anos, amordaçada e acorrentada na área de serviço do apartamento da ex-empresária Sílvia Calabresi Lima, em bairro nobre de Goiânia...
Após 13 anos, a missionária Lucélia Rodrigues da
Silva, de 25 anos, que foi torturada e chegou a ter a língua cortada com
alicate, disse que conseguiu superar o trauma e perdoar sua agressora, a
ex-empresária Sílvia Calabresi Lima. A jovem foi encontrada pela polícia
amordaçada e acorrentada na área de serviço do apartamento da mulher, em um
bairro nobre de Goiânia.
“É possível [superar]. Eu perdoei, escolhi perdoar. Perdoar não é esquecer. É lembrar e não sentir mais dor”,
disse a jovem à TV Anhanguera.
A ex-empresária foi presa em 2008,
quando as torturas foram descobertas e a jovem, que tinha 12 anos à época,
resgatada pela polícia. Silvia foi condenada a quase 15 anos de
prisão. Em 2014, a Justiça concedeu o benefício de progressão de pena, e ela
foi transferida para o regime semiaberto.
O G1 entrou
em contato com o Tribunal de Justiça, nesta quinta-feira (10), para saber se
Sílvia já cumpriu sua pena e aguarda retorno. A reportagem não conseguiu
localizar a defesa da ex-empresária para que se posicionasse.
Após as agressões, Lucélia foi para um abrigo, onde
foi adotada por um casal de pastores. Atualmente, ela é casada e tem dois
filhos. Como missionária, conta sua história de superação e seus sonhos
realizados após anos de sofrimento.
“Meu sonho era casar e ter família. Casei. Realizei meu sonho de ser mãe. Minha família é meu bem maior”,
disse Lucélia.
A jovem disse que conseguiu reencontrar o amor
familiar e que tem planos de ter mais um filho.
“Vai ter mais [filhos], mais uma. Tentar uma menininha. Cuidar dela como princesa e dar para ela aquilo que não tive”,
disse.
Torturas
De acordo com as
investigações, Lucélia foi morar com Sílvia, com autorização da mãe, para
estudar. No entanto, além de fazer todas as tarefas domésticas, ela apanhava
diariamente e era torturada com instrumentos como um alicate, que, segundo o
inquérito, foi usado para cortar a língua da garota. Além disso, em algumas
ocasiões, a mulher colocava pimenta na boca, nariz e olhos da menina e a
deixava sem comer por dias.
A polícia chegou até o prédio de Sílvia
após a denúncia de um vizinho. Assim como a ex-empresária, a empregada dela
também foi condenada, em junho de 2008, a sete anos de prisão por participação
no crime. O marido de Sílvia pegou 1 ano e 8 meses por omissão.
Além deles, a mãe de Lucélia, Joana
d'Arc da Silva, foi a júri popular, no início de setembro daquele ano, sob a
acusação de ter recebido dinheiro para entregar a filha à Sílvia. No entanto,
foi absolvida.
No mesmo mês, a Justiça condenou o casal
a pagar uma indenização de R$ 380 mil por danos morais e estéticos, além de
verbas trabalhistas a Lucélia.
Fonte: G1 Goiás
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