UM MUSEU A CÉU ABERTO...
O coronel Eugênio Jardim havia sido o grande vitorioso na revolução de 1909 em Goiás, que conduziu Totó Caiado ao poder estadual. Era um militar carioca muito respeitado, atuante na esfera política goiana, tendo sido reeleito para o senado federal em 1924.
Porém, com a sua morte acidental em 1926, atropelado por um automóvel no Rio de Janeiro, o senador ganhou diversas homenagens póstumas em Goiás. Uma delas foi a mudança da antiga Praça da República, em Catalão, que passou a se chamar, a partir de 1929, Praça Eugênio Jardim.
Diga-se de passagem que, os catalanos não se acostumaram inteiramente com o novo nome. Ninguém falava
"Praça Eugênio Jardim",mas simplesmente
"Praça do Jardim".E, assim ficou por longo tempo, na memória popular, a
"Praça do Jardim"em nossa cidade.
Entretanto, o quadro político mudou radicalmente a partir de 1930. Getúlio Vargas assumiu o comando nacional e nomeou Pedro Ludovico Teixeira como interventor em Goiás, desbancando do poder o grupo do Eugênio Jardim e do velho Totó Caiado.
A praça estava condenada a mudar de nome. Desta feita, as alterações vieram da parte de um ilustre morador da praça, Diógenes Sampaio, que havia sido intendente municipal no começo da década de 1930.
Este líder político, que recebeu Pedro Ludovico em sua residência, quando o interventor veio a Catalão, transformou o local em Praça Getúlio Vargas a partir da década de 1940.
O fundamental é que, a praça tornou-se tão importante, em termos de sociabilidade, que ninguém mais ousou trocar o seu nome. Aliás, nem precisava porque continuou sendo chamada, por longo tempo, de
"Praça do Jardim".Durante meio século, a Praça Getúlio Vargas foi o principal centro de lazer em Catalão, tanto para os ricos como para os pobres. Várias gerações usufruiram do ambiente social, dinâmico e festivo, de outrora.
O Cine Teatro Real, o barzinho do coreto, a Panificadora São José, o clube social do CRAC, o Bar e Restaurante Irapuan, o Taco de Ouro, o Bar das Vitaminas e a Churrascaria Kambota marcaram a vida da comunidade catalana. Tudo girava em torno da Praça Getúlio Vargas para onde os frequentadores afluiam em grupos, envergando suas melhores roupas e perfumes. Até mesmo o Clube 13 de Maio situava-se a apenas dois quarteirões de distância.
Existe um valioso trabalho monográfico, feito pelo historiador Sylvio Netto Lorenzi, a respeito dos anos dourados no espaço da Praça Getúlio Vargas em meados do século passado. O texto, ainda inédito de publicação, traz uma análise sociológica e política muito interessante.
Por outro lado, a Praça Getúlio Vargas, em si, constitui um arquivo memorial da cidade. No seu perímetro estão monumentos históricos, de diversas épocas, Que remetem ao passado glorioso de Catalão.
Vale a pena conferir cada detalhe incrustado na velha
"Praça do Jardim".
(Luís Estevam)
Fonte: Luís Estevam e Academia Catalana de Letras
Esta matéria é em oferecimento de:
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