Luara Butielles Nunes Coelho, de 31 anos, conta que corre o risco de ter os membros inferiores amputados por causa de infecção. Ela tenta o procedimento pela rede pública de saúde...
Sofrendo com dores e inchaço, a cuidadora de idosos Luara Butielles Nunes Coelho, de 31 anos, tenta realizar, pela rede pública de saúde, uma ressonância magnética e uma cirurgia para retirada de silicone industrial que se deslocou do bumbum para os pés dela. Transexual, ela colocou o silicone há 10 anos, mas notou que, há alguns meses, seu organismo começou a apresentar uma rejeição ao hidrogel. Ela teme ter os pés amputados.
"O médico me disse que, enquanto não for feita a retirada do silicone, vou continuar tendo infecção e cada vez pior. É muito triste e dói muito, estou tomando morfina para a dor",conta.
(CORREÇÃO: O G1 errou ao informar que havia uma rejeição a próteses de silicone. Na verdade, a rejeição foi ao hidrogel do silicone industrial, que se deslocou pelo corpo. A informação foi corrigida às 8h08 de 29 de dezembro de 2020.)
Segundo Luara, o médico que a avaliou em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, disse que, caso ela não realize a cirurgia para retirada do silicone, é possível que os pés dela necrosem e tenham de ser amputados.
"Eu tenho 31 anos, eu trabalho e quero continuar trabalhando, meu trabalho mudou minha vida para melhor. Preciso trabalhar, não posso perder meus pés. Meu medo é que ele [silicone] está começando a subir pela perna e criando nódulos, pode atingir outras partes do meu corpo.", afirma.
Luta por tratamento
A cuidadora de idosos conta que há dois meses as dores aumentaram e, por isso, ela passou a maior parte dos últimos 30 dias internada em diferentes unidades de saúde. Na última semana, Luara esteve na Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, onde recebeu alta na segunda-feira (28).
A paciente foi informada que o tratamento indicado para o caso dela é feito no Hospital Alberto Rassi (HGG), em Goiânia. A cuidadora de idosos chegou a procurar a unidade pessoalmente na segunda-feira, mas foi informada de que o atendimento depende do encaminhamento da Central de Regulação.
Ao G1, a Central de Regulação informou, às 14h42 de segunda-feira, que a solicitação para a cirurgia foi
"devolvida para o prestador em Aparecida de Goiânia por falta de informações para o procedimento".
Disse ainda que a paciente deve pedir à unidade que fez o pedido que verifique o motivo do cancelamento e que envie novamente as informações corretas para o encaminhamento. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida de Goiânia informou, às 15h47, que o
"pedido de encaminhamento da paciente para o Hospital Geral de Goiânia já está inserido no sistema e que agora aguarda o agendamento pela Central de Regulação de Goiânia".
Por sua vez, o HGG informou, por meio de nova enviada às 16h28 de segunda-feira, que a mulher não possui regulação na unidade, não tendo sido atendida no hospital até então. O hospital afirmou ainda que, em verificação na Central de Regulação de Goiânia,
"não foi identificada nenhuma solicitação de internação por meio do componente denominado de urgência, tampouco encaminhamento para consulta ambulatorial".
Assim, o HGG ponderou que
"não tem previsão de quando Luara será encaminhada para a unidade"(leia a nota na íntegra ao fim do texto).
Preocupada com o risco de perder os pés e sentindo dores, Luara conta que não sabe mais a quem recorrer.
"Ficam me jogando de uma unidade para a outra, ninguém faz nada. Nós transexuais já sofremos tanto com o preconceito, acho que o SUS deveria acolher mais a gente, ter mais compreensão",desabafa.
Posicionamento do HGG na íntegra:
"O Hospital Estadual Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi - HGG salienta que a usuária não possui regulação na unidade, não tendo sido atendida neste hospital até o presente momento. Em verificação na Superintendência de Regulação e Políticas de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia – SUREPS/SMS/Goiânia, não foi identificada nenhuma solicitação de internação por meio do componente denominado de urgência, tampouco encaminhamento para consulta ambulatorial.
Ressaltamos que o HGG é uma unidade de saúde 100% regulada pela Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia – SMS/Goiânia, portanto, qualquer atendimento ambulatorial, de internação hospitalar, realização de exames ou realização de cirurgia eletiva não são realizados diretamente na unidade, uma vez que o órgão responsável pelo gerenciamento da demanda da rede de atenção à saúde do SUS na Capital é a SUREPS/SMS/Goiânia. Assim sendo, não temos previsão de quando a mesma será encaminhada para esta unidade.
Informamos que a usuária reside no município de Aparecida de Goiânia, dessa forma, o encaminhamento de referência/contra-referência emitido pela Santa Casa de Misericórdia deve ser protocolado pela paciente no Pró-Reg (Central de Regulação de Aparecida de Goiânia) para posterior encaminhamento à Central de Regulação de Goiânia (caso não disponham dos serviços necessários naquele município). Caso após o seguimento dos trâmites regulatórios a paciente venha a ser regulada para internação no HGG, o tratamento clínico necessário para o caso, incluindo a realização de exames, bem como procedimentos cirúrgicos poderão ser realizados.
O Serviço de Transexualidade do HGG está à disposição para a paciente a qualquer momento. Como somos um hospital do SUS, o fluxo de entrada no serviço e procedimentos são regidos pela Portaria do Ministério da Saúde (MS nº 2803 de 2013). Neste sentido a paciente chegará ao ambulatório do HGG, mediante o encaminhamento médico de uma unidade básica de saúde (CAIS), que a regulará para ser atendida e ter direito ao tratamento clínico e, se houver necessidade, às cirurgias que são disponibilizadas. Os serviços disponíveis em nosso ambulatório são: consulta ginecológica (hormonioterapia), consulta psiquiátrica, atendimento psicológico e fonoaudiológico. Quanto aos procedimentos cirúrgicos, ofertamos Histerectomia, Mamoplastia, Prótese Mamária, Tireoplastia (redução do Pomo de Adão) e Redesignação Sexual (Neocolpoplastia - construção de neovagina) aos pacientes que contarem com dois anos de acompanhamento clínico e que forem maiores de 21 anos, conforme definido na referida portaria ministerial.
Caso a paciente tenha interesse de ingressar como nossa paciente, deverá realizar um atendimento com Clínico Geral no seu município de residência e solicitar ao médico que lhe atender, um encaminhamento ao Serviço de Transexualidade do Hospital Alberto Rassi (HGG) - código 625, protocolar esse encaminhamento no Pró-Reg e posteriormente aguardar os trâmites administrativos e agendamento de consulta no HGG por parte da SMS/Goiânia".
Fonte: G1 Goiás
Esta matéria é em oferecimento de:
FOLHA DE CATALÃO - A NOTÍCIA DE FORMA DIRETA
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