João Vicente usou uma capa de chuva para abraçar a professora em Jaú — Foto: Mariana Peres / Arquivo pessoal
‘Dia mais emocionante da carreira’, diz professora sobre aluno que vestiu capa de chuva só para abraçá-la.
Mãe do menino de 5 anos improvisou a proteção para que ele pudesse ver a professora na escola em Jaú (SP). Débora de Barros não via o aluno há mais de 60 dias.
“Fazia 60 dias que não via meus alunos, mas não imaginava um carinho desse”, lembra a professora Débora Barros.
Na última quarta-feira (20), ela foi surpreendida por um de seus alunos, de apenas 5 anos, que se protegeu com uma capa de chuva para poder abraçá-la na porta da escola em Jaú (SP).
Ela estava na escola para entregar o material para atividades extras que os pais estão fazendo com as crianças em casa por causa da quarentena necessária como medida de prevenção ao coronavírus.
“O dia começo triste porque fazia 60 dias que eu não ia até o prédio da escola e eu sabia que ia chegar lá e estaria vazio, sem as crianças e alegria delas, aquele amor que elas distribuem gratuitamente.”
“Minha esperança era ver minhas crianças, pelo vidro do carro, se os pais levassem e quando eu vi o João Vicente todo ‘plastificado’ com os bracinhos abertos para me abraçar foi muito emocionante. Foi o dia mais emocionante da minha carreira até agora”, conta.
Débora dá aulas há um ano e meio na escola em Jaú — Foto: Débora Barros/ Arquivo pessoal
Débora dá aulas há 1 ano e meio e tem duas turmas na escola em Jaú com crianças de 5 a 6 anos. A professora contou em entrevista ao G1 que o abraço era um ato de carinho recorrente na sala de aula e ficou muito feliz em ver retribuído naquele momento todo o amor que ela procura passar para os alunos na sala de aula.
“Fiquei muito feliz e realizada em saber que o amor que eu passo para eles em sala de aula. Eles conseguem absorver e devolver para o mundo. Eu descobri com esse abraço que tenho um amor maior que eu imaginava pela minha profissão.”
A ideia da proteção improvisada com a capa de chuva foi da mãe de João Vicente Peres de Oliveira, para ajudar o filho com o desejo de ganhar um abraço da docente e, ainda assim, manter o garoto em segurança conforme as medidas de isolamento social necessárias para combater o avanço do coronavírus.
“Quando eu recebi a mensagem para buscar o material já comecei a pensar no que eu poderia fazer para o João Vicente poder ver a professora, porque ele tem muita saudade. Todo dia pergunta se o coronavírus foi embora para ele poder colocar uniforme e ir para escola”, conta Mariana Vendrame Peres.
A mãe tinha várias capas de chuva em casa e decidiu usar uma delas, junto com a máscara, para proteger o filho.
“Quando contei para ele o que estava pensando em fazer, que ele ia precisar usar a capa de chuva, ficou todo empolgado, pegou a capa de chuva e falou: 'vamos mamãe, vamos agora'. A capa de chuva ficou uma pouco grande nele, o capuz caia um pouco no rosto dele e deu a impressão que ele estava todo plastificado na foto, mas tinha a abertura normal no rosto e ele estava respirando normalmente”, explica.
João Vicente tem 5 anos e esse é último ano dele na escola em Jaú — Foto: Débora Barros / Arquivo pessoal
O abraço foi registrado pela mãe que fez uma postagem no seu perfil no Facebook com uma mensagem sobre a parte difícil do isolamento social, que é estar fisicamente afastado de quem gostamos.
“Que tudo passe logo e que na próxima possamos entrar, se abraçar, sorrir, chorar de alegria, comemorar a vitória disso tudo”, escreveu Mariana na postagem.
Mariana fez uma postagem com a foto do abraço do filho em Jaú — Foto: Facebook/ Reprodução
Mariana é maquiadora e trabalha com pintura infantil em festas, que não estão mais sendo realizadas, por isso está em casa com os filhos desde o início da quarentena.
“A quarentena já estava sendo um período difícil, mas nessa quarta quando fomos na escola foi mais complicado. Esse é o último ano do João Vicente na escolinha e a gente começou o ano na expectativa da formatura, da festinha e tudo mudou. Mas a gente sabe da importância de tudo isso, dos riscos que existem e por isso estamos em casa mesmo, eu só saio para ir no mercado e meus filhos só vem os avós do portão”, finaliza.
Jaú contabiliza, até a manhã deste domingo (24), 163 casos confirmados e cinco mortes.
Fonte: Notícia G1
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